BCE e França sobem ao palco, mas dólar continua no centro das atenções, revela Partner da Ebury Portugal

O dólar encerrou a semana em queda, depois de um relatório dececionante sobre o mercado de trabalho norte-americano em agosto ter revelado sinais de uma quase estagnação da maior economia do mundo.

Fábio Carvalho da Silva e André Mendes
Setembro 8, 2025
16:05

 

O dólar encerrou a semana em queda, depois de um relatório dececionante sobre o mercado de trabalho norte-americano em agosto ter revelado sinais de uma quase estagnação da maior economia do mundo.

“Uma recuperação hesitante do dólar chegou a um fim repentino na sexta-feira, após a divulgação do fraco relatório do mercado de trabalho de agosto, que sugere que a grande máquina de emprego dos EUA está a caminhar para uma paralisação quase total”, afirmou Joana Vieira, Partner da Ebury Portugal, em análise à Executive Digest.

Segundo a especialista, a reação dos mercados foi imediata. “Os mercados rapidamente fixaram o preço dos cortes nas três reuniões restantes da Reserva Federal em 2025, os títulos recuperaram e as ações foram vendidas.” Ainda assim, ressalva que “embora a falta de força do mercado de trabalho dos EUA seja inegável, a resposta permaneceu relativamente discreta fora do mercado de obrigações do Tesouro, e o dólar e os mercados bolsistas terminaram a semana não muito longe de onde começaram.”

Até agora, o dólar tem resistido a dois fatores de pressão: “No geral, o dólar até à data continua resiliente aos seus dois principais obstáculos: a degradação institucional nos EUA e a clara desaceleração da economia americana.”

Joana Vieira sublinha que a reunião da Fed da próxima semana deverá já ter um desfecho antecipado. “Embora o relatório dececionante sobre a folha de pagamentos signifique que o resultado da reunião da Fed de setembro na próxima semana já está definido, os investidores ainda estarão atentos ao relatório de inflação dos EUA para agosto, na quinta-feira.” Do lado europeu, acrescenta que “a semana europeia será dominada pela reunião do BCE em setembro, mas esperamos que o banco central tente que esta seja o mais discreta possível.”

Outro fator de incerteza para os investidores poderá vir da frente política norte-americana. “Um fator imprevisível para os mercados será a possibilidade de novos desenvolvimentos no processo legal através do qual Trump está a tentar demitir a governadora da Fed, Lisa Cook”, destacou a responsável da Ebury Portugal.

França no centro das atenções do BCE

Em relação ao euro, a Ebury considera que a reunião do BCE está a ser ofuscada por questões políticas internas em França. “A reunião do BCE de setembro esta semana está a ser quase completamente ofuscada pelo drama em torno do orçamento francês”, disse.

Alertam que a incapacidade do governo francês em implementar cortes orçamentais está a gerar instabilidade. “Tal como no Reino Unido, a incapacidade do governo em realizar cortes de despesa, mesmo que modestos, está a provocar turbulência no mercado obrigacionista. No entanto, o desfecho poderá ser mais dramático no caso francês, uma vez que o governo ameaçou demitir-se caso os cortes sejam rejeitados pelo Parlamento, como parece provável. Não precisaremos de esperar muito para descobrir, com o voto de confiança marcado para mais logo à noite.”

Por fim, a Ebury considera que a conferência de Christine Lagarde será centrada na situação francesa, e não em alterações na política monetária. “Com a inflação de volta à meta e poucas notícias económicas esta semana, esperamos que a situação francesa seja o foco da conferência pós-reunião de Lagarde. É pouco provável que se assista a qualquer alteração notável nas suas projecções, especialmente dada a incerteza em torno do acordo comercial EUA-UE e do pacote de estímulo da Alemanha, que não deverão reflectir-se nos dados económicos de imediato.”

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